Poema do poeta Valter Hugo Mãe

O Herberto Helder tem duas

pernas e dois braços, dois olhos,

tem nariz e boca e come, vive

numa casa, espreita pelas janelas,

por vezes sai à rua, sozinho ou

acompanhado, a falar, apanha

chuva, liga a televisão, sabe onde

fica a França, lembra-se quando

era pequenino, inclusive

teve mãe e pai. É

impressionante o quanto um poeta

se pode assemelhar

às pessoas! A última vez que

falei com ele mandou-me um abraço.




- O que é que pretende alcançar com a poesia?

- A minha poesia já pertenceu a diversos domínios. No início, havia uma necessidade de comunicação que tinha a ver com o isolamento - a poesia era uma espécie de radar. Mais tarde, tanta gente se catapultou para dentro da minha vida, que essa noção de solidão ficou tão apagada e a poesia começou a oferecer-me outras coisas. Neste momento, a poesia serve-me de método de provocação e de indução à vida. A poesia obriga-me a viver.
Não serve como terapia, mas para eu fazer um ponto de situação. Eu escrevo um poema e penso que já não sou o mesmo indivíduo que era antes de o escrever: sou um pouco mais.
Jornalismo PortoNet

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