Programação Flip 2013
A Flip 2013 vai reunir 41 autores contemporâneos. A poesia surge em meio à prosa, o ensaio reaparece como gênero literário e microrrelatos em obras de ficção dão o tom ao estilo singular de cada escritor convidado. “Contra o dogmatismo que pretende estabelecer um modelo único de escrita, a Festa Literária Internacional de Paraty aposta numa multiplicação de escritas possíveis, pressupondo que a literatura estará sempre ligada ao próprio tempo, mas de maneiras tão diversas quanto as experiências de seus criadores”, afirma Miguel Conde, curador da festa.
Pensando na multiplicidade de abordagens que o curador definiu nomes que vão do poeta Tamim Al-Barghouti, figura central na primavera árabe, ao romancista Michel Houellebecq . Narrador ácido e observador crítico do mundo contemporâneo e suas relações, Houellebecq venceu o Goncourt em 2010 com o romance Partículas Elementares e é considerado um dos grandes nomes da atual prosa francesa.
Especialista em contos e narrativas concisas, a norte-americana Lydia Davis, vencedora do Man Booker International Prize 2013, falará de obras de sua autoria que não raro transitam entre ficção, ensaio e poesia. Já a franco-iraniana Lila Azam Zanganeh trará para o palco da Flip sua leitura original da obra de Vladimir Nabokov, tido por ela como o “grande escritor da felicidade”.
O escritor norte-americano Tobias Wolff e o norueguês Karl Ove Knausgård se encontram em debate sobre a relação entre ficção e confissão, ou criação literária e experiência pessoal. Enquanto Wolff é conhecido especialmente como contista e memorialista, Karl Ove ganhou projeção internacional após a publicação de Minha Luta, narrativa autobiográfica em seis volumes.
Especialmente expressiva nesta edição, a relação da literatura com o cinema, a música e arquitetura ajuda a quebrar a linha divisória entre as artes. Vai nesse sentido a presença do historiador da arte T.J. Clark , dos cineastas Eduardo Coutinho e Nelson Pereira dos Santos, da cantora Miúcha, do arquiteto Eduardo Souto de Moura e do célebre crítico de arquitetura da New Yorker Paul Goldberger. Num dos encontros mais aguardados da festa, Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli, professora emérita da UFRJ e da PUC-Rio, se encontram em mesa sobre Fernando Pessoa.
Outro dos grandes nomes internacionais convidados, o francês Jérôme Ferrari se junta ao brasileiro Daniel Galera para refletir sobre um elemento em comum das obras de ambos: a atualização de temas ligados à tragédia clássica, como o conflito entre ação humana e predestinação.
O cotidiano habita o trabalho das três jovens poetas Alice Sant’Anna , Ana Martins Marques e Bruna Beber, que se reunirão na primeira mesa da Flip para falar sobre o lado ora cômico, ora melancólico, ora sublime dos dias comuns quando estes se tornam matéria de sua poesia. Zuca Sardan e Nicolas Behr, dois grandes satiristas brasileiros das últimas décadas, discutirão um estilo que ironiza consensos e costumes de forma igualmente poética e caricata, utilizando os recursos próprios da poesia, marcada pela invenção verbal e gráfica.
O autor e jornalista inglês Geoff Dyer e o escritor e editor norte-americano John Jeremiah Sullivan se juntarão em uma mesa da Flip para discutir o ensaio como gênero literário. Em torno do tema será também estruturada a Oficina Literária da 11ª Flip, coordenada pelo escritor e editor da revista serrote Paulo Roberto Pires (inscrições já encerradas).
Gilberto Gil: de volta à Flip
Gilberto Gil fará o show na noite de abertura do evento, no dia 3 de julho. Na tarde da quinta-feira, dia 4, Gil participa da tradicional mesa Zé Kleber, ao lado da socióloga Marina de Mello e Souza. O tema da mesa será culturas locais e globais, e o debate incluirá a criação e manutenção de políticas públicas para disseminação de programas culturais, assunto debatido nos dois últimos anos do evento. Professora do departamento de História da USP, Marina atualmente se dedica à história da África pré-colonial. O repertório do show pinça faixas representativas de 50 anos de palco. Acompanhado do filho Bem Gil (violão e guitarras) e do músico Gustavo Di Dalva (percussão), Gil relembra canções seminais compostas nas diversas fases de sua carreira, como Domingo no Parque, Palco, Estrela, entre outros sucessos.
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