Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos, a primeira mostra póstuma

A história do maior ícone da Arquitetura Moderna Brasileira está reunida na exposição "Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos", de 14 de agosto a 02 de novembro, no Paço Imperial (RJ). Com mais de 300 obras, a mostra produzida pelo Itaú Cultural poderá ser vista pelos cariocas em oito salas, numa área de mais de mil metros quadrados. A data celebra também os 10 anos da parceria entre as duas instituições.

Com curadoria de Lauro Cavalcanti e cenografia assinada por Pedro Mendes da Rocha, a primeira mostra após a morte de Niemeyer (Dez.2012) já foi vista por 39 mil pessoas em São Paulo e oferece ao público um passeio completo por toda a obra do arquiteto, entre plantas, croquis, pranchas emolduradas, linha do tempo, fotografias, maquetes, vídeos e projetos inéditos. Mais ainda. A edição no Rio contará com uma sala especial, dedicada apenas a trabalhos do arquiteto destinados à Cidade Maravilhosa, como os desenhos “Estádio Olímpico Nacional” (Maracanã), de 1941; e “Restaurante na Lagoa”, de 1944.

Nas palavras do curador, é uma exposição para ser vista pelo público leigo, ou especializado, que tem curiosidade pelo importante legado deixado por Niemeyer. “Sua postura estabelece um exemplo a ser seguido, no ofício, no exercício de cidadania e na exploração das possibilidades de inovação dentro da tecnologia possível na época e no lugar de cada um. O propósito desta mostra é revelar projetos que, por vários motivos, permaneceram no papel”, diz Lauro Cavalcanti.

Dos 70 projetos apresentados na exibição, 51 nunca foram vistos ou construídos. Os inéditos estavam em cadernos descobertos nos acervos da Fundação Oscar Niemeyer, no Rio. Graças à parceria com o Itaú Cultural, foi realizada a digitalização de 4800 desenhos e croquis originais do acervo da fundação, já catalogados, e parte deste patrimônio agora é revelado e torna-se acessível. Dentre eles, as casas desenhadas para Oswald de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda, em São Paulo, e o plano da cidade de Negev, no deserto de Israel, criado por Niemeyer em 1964. “Negev era para ser percorrida a pé. Suas ruas seriam estreitinhas como nas cidades medievais”, explica o curador

O setor dedicado aos clássicos reúne fotografias e maquetes de suas obras emblemáticas e, também, traz novidades. Pela primeira vez são mostrados os originais do conjunto de 20 croquis preparados pelo arquiteto, em 1997, denominados Aula. O objetivo de Niemeyer era que fossem multiplicados, percorrendo universidades de todo o país, de modo a transmitir seu pensamento plástico, político e existencial. Há também maquetes de construções referenciais, como a Igreja de Pampulha, a Catedral de Brasília e a sede do Partido Comunista Francês.

Num olhar mais atento, o observador poderá conferir detalhes pouco conhecidos sobre Niemeyer, que chegou a disputar um Fla x Flu, como juvenil. Ele próprio relata a história no filme Oscar Niemeyer – O Filho das Estrelas, dirigido por Henri Raillard e projetado na exposição. Um rolo de 12,5 metros feito especialmente para o filme também é exibido. Os produtores compraram uma bobina de papel e estenderam num galpão, enquanto Niemeyer desenhava e discorria sobre sua história.

O protagonista também poderá se visto no documentário Oscar Niemeyer – A vida é um sopro, que mostra belas imagens de suas obras, como o Palácio do Planalto, a Universidade de Constantine e o MAC Niterói, além de depoimentos de personalidades como José Saramago, Eduardo Galeano, Ferreira Gullar e Chico Buarque.

A mostra permite entender a metodologia de Niemeyer, assim como seguir seu modo de conceber, desenhar, escrever e, em alguns casos, acompanhar o desenvolvimento dos projetos. “Ele colocava suas opções visuais por escrito, em textos que chamava de ‘explicações necessárias’. Caso tivesse dificuldade de clareza ou síntese voltava para prancheta para redesenhá-lo”, sublinha Cavalcanti.

A inauguração da mostra, dia 14 de agosto, marca o lançamento do catálogo, com texto de Lauro Cavalcanti, ensaios de Carlos Lemos, Glauco Campello e Fares.